quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

TORPE GANÂNCIA



Nesse mundo, materialista
transformei-me, eis um produto!
... exigência do mercado ...

Consumido e tragado fui
Óh, torpe ganância
Perdi-me nessa busca
empenhei-me como um atleta,
corri ... ah, como corri ... atrás do vento

Enquanto buscava não sentia ...
... só corria ...
Enquanto corria ...
... não doía ...

Contemplo, agora, retratos,
com o peito tão marcado
das lembranças tristes do passado.
Assim, a cada dia, são acrescentados mais retratos ...
... retratos em preto e branco ...

O amanhecer parece-me um recomeço
semelhante é a vida,
a medida que vai passando.
A convivência, as marcas de uma tristeza
afastam a esperança de atar os laços;

Óh sangue do meu sangue!
Fôlego da minha vida!
Tornou-se espinho na minha carne,
juram de me acabar,
mas sou eu que como mestre do tempo,
parei o meu afirmando:
não sou nada,
nunca serei nada,
vencido estou, como se soubesse a verdade.

Juliana Liessi

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